sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Segura na minha cauda e vem!

Então no meio daquela louca celebração,
rios de lágrimas jorravam de meus olhos,
coração apertado.
As lágrimas dentro de minha retina
se fundiram com as luzes de todas
aquelas velas acessas do terreiro.
De repente meus olhos viraram
dois caleidoscópios circulares refletindo
todo o amarelo da luz.
Uma experiência
visual rica e única.
As imagens formadas
poderiam dançar dentro de mim.
Então de repente
Yemanjá
aparece para mim, linda,
negra, sensual
nadando como
um peixinho na minha frente
e me diz:
"Segura na minha cauda e VEM!"


Se diários virtuais tivessem algum tipo de validade,
certamente o meu estaria chegando ao fim,
empoeirado, sujo e cheio de folhas amareladas.
Mas o fato é que ainda há muito de amor a ser
dado e muito de segredo a ser revelado.
Eu queria poder dizer e também escrever
sobre o meu último lindo grande amor.
Que por ele eu quis escrever
o mais lindo romance de todos os tempos,
e ensaiar o mais belo jazz da América.
Que por ele andei algumas vezes por aí
bêbada e perdida pelo Andaraí,
imaginando como a vida é boa também
solta aí.
E gostaria de dizer que pensei
nele em cada manhã mal dormida,
em cada pedaço de comida ingerida.
Esteve ele presente em todo um calendário
de tempo acompanhando minhas
variações de humor
e as fases dessa nossa bela lua.
E gostaria que soubesses como
foi importante até na imaginação.
Imaginação esta que não trouxe
dor alguma, desespero algum.
Confiança total, amor fati integral.
Amar, voar e confiar.
Eu fui até você e espero que
você venha até mim.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Porque ainda há muito de segredos
a ser revelados
e muito de sonhos
a ser desenhados.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

1 + 1 = 1


E no meio da madrugada daquele dia chuvoso de Outubro, eis que surge em seus sonhos aquele menino que há tantas vidas a acompanha, sem que ela sequer saiba disso. Enquanto Martha cuidava da vida, de seu bebê e de uma vida leve e onírica, ele surgiu em seus sonhos como uma criança cheia de dúvidas e questionamentos. E veio até ela, fazendo com que se sentisse uma espécie de mentora espiritual ou qualquer outra coisa que demandasse um pouco mais de maturidade e discernimento.
-Não entendo porquê criticam tanto a nossa cultura. Se não gostam, que pelo menos nos respeitem. Eu sou feliz assim.
-Sim, meu amor, você está certo-respondeu- sentindo um imenso amor por aquela pequena criatura, seus olhos atentos e toda a sua vivaz inteligência.
Um intenso amor a tomou. Um amor universal e sem rótulos que perdura muitas encarnações. Já experimentaram muitos tipos diferentes de amor e relacionamento,
mas em sua essência, se sente mais plena no papel de mentora, de mãe, cheia de prazeres em ensinar e questionar coisas da vida. De explorar, dividir, compartilhar. E nada disso importa, porque em absoluto ela sabe de alguma coisa. Apenas sente, vive e respira. E todo este amor ficou ainda mais claro num dos mais bonitos e felizes sonhos que já teve em sua vida.
Ela o ama. Não sabe como, nem porquê, nem de aonde, apenas sabe que ama e este amor basta, é suficiente. O começo e o fim. E simplesmente é, sem necessidade de maiores
explicações. Um amor que não habita o mundo da razão. Habita o mundo das sensações  permitindo-a ter momentos de intensa alegria, intenso sol queimando por dentro. Talvez 
Martha não seja bem o que este outro "eu" dela busca, talvez não esteja preparado ou simplesmente não queira, mas seu fluxo independe de suas intenções. Poderia ser condenada aos maiores castigos da vida. Jamais deixaria de o amar de todas as possíveis e inventadas formas de doação.
A pequena criatura se retirou no sonho. Por algum momento as diferenças de idade se igualaram e divertiram-se puerilmente em montanhas russas cheias de curvas e subidas
que talvez  possamos interpretar como uma referências às próprias inconstâncias da vida e até mesmo e principalmente do amor.
O melhor de tudo, a parte mais prazerosa de toda essa história, é saber que sim, a pequena criatura do sonho que apareceu em sua fase infantil, existe. E que hoje é um homem , que se encontra muito mais próximo de Martha do que imagina. Não estão exatamente próximos, porém juntos. É ele que surge nos momentos desesperadores da vida, é ele a mão que a sustenta nos momentos de queda. As idades são próximas, mas se sente sempre em posição de mando e autoridade, querendo envolvê-lo em delicados e luxuosos mantos de sabedoria. Quer porque ama. Ama porque quer. E quer muito, quer mais, quer pra sempre.
Inteiro, partido, maduro, bebê, criança ou adulto. Para sempre em seus braços.

Martha não desconfia, mas o amor que sente por Bernardo ultrapassa eras e vidas. Mais do que isso, Bernardo é sua alma gêmea. A "metade" exata da sua alma. São o mesmo espírito dividido e propositalmente separados. Caminham separados, porém inconscientemente sempre buscando um ao outro. E quando, em cada vida, se unem novamente, é só luz e amor. 
Um sentimento que acreditamos, nunca se acabará. Ao infinito e além dele.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Paixonites

Não sei se é pelo meu fogoso sol  em áries ou pela minha delicada vênus pisciana no meu meio do céu, mas volta e meia me pego vivendo pequenas ou grandes paixonites platônicas. Eu poderia ir além e admitir que este vício me acompanha desde a adolescência quando tive minha primeira paixão deste tipo platônica: um menino mais velho da escola. Enquanto eu ainda era uma menina, bem pirralha, sem quase nenhuma experiência amorosa, ele já era praticamente um homem que cursava o segundo grau da escola. Eu me sentia atraída pelo jeito "errado" dele, o cabelo comprido, o comportamento levemente rebelde, dentre outras coisas. Nunca trocamos um "oi", ele mal reparava em mim e hoje em dia isso não tem mais a menor importância.
Depois tive alguns namoros, algumas experiências reais e não apenas imaginárias, inclusive a mais forte e ao mesmo tempo "pior" de todas: uma pessoa que eu poderia chamar por Karma. Por um momento acreditei que fosse amor. De fato eu estava apaixonada, sob efeito da tal droga do amor. Levei um pé na bunda, sofri muito, depois tive dois ensaios de um retorno de relação com ele, até que ficou claro: Não dava mais. Não conseguia mais amá-lo e estava claro que era uma relação cármica, quase maldita. E o pior é que nessas relações cármicas sempre existe uma atração física irresistível. Creio que seja alguma espécie de mecanismo para unir as duas pessoas para que estas resolvam suas pendências cármicas ao vivenciarem um ao outro no dia-a-dia.
Depois tive um namoro sério que não foi nenhuma grande paixão arrebatadora, mas existia um forte sentimento e foi através dele que aprendi muitas coisas: sobre sexo, sobre a vida e sobre os meus limites. Ciúmes é uma merda e ainda por cima é torturante. Mas o tempo passa e as coisas mudam, nós amadurecemos. Eu errei, poderia ter sido mais ética, mas já sei que tipos de comportamento e limites devo levar para as próximas relações.
Depois deste último namoro, não tive mais nenhum namoro sério ou longo. E já se vão alguns anos.
Tive muitas experiências, alguns namoros curtos e só. Só isso mesmo.
O ponto a que eu quero chegar é a dos amores ou paixões platônicas. Por definição, paixão platônica é toda aquela paixão que é pura, desinteressada e ao mesmo tempo impossível, "inconcretizavel", enfim.
Por quê este tipo de sentimento é tão comum nas pessoas? Existe um prazer nisso? Um prazer até na dor do amar? Um prazer até na não-correspondência do sentimento?  Eu acredito que sim.
Também acredito que esta seja uma maneira mais fácil e confortável de amar. Não temos a obrigação de realizar, apenas de idealizar e esta idealização simplesmente não tem limites.
Já li sobre pessoas que se apaixonam pelas pessoas mais improváveis do mundo e admito, acho isso muito engraçado. Inclusive havia, nos tempos de orkut, uma comunidade sobre o tema, e lembro que lá li sobre uma mulher que se apaixonou pelo porteiro do prédio dela, enfim. São dezenas de casos bizarros e ao mesmo tempo engraçados que nos fazem perceber que todo mundo tem suas esquisitices, que as coisas mais absurdas têm um quê de graça. Tem pessoas que se apaixonam por artistas de cinema, por pessoas que vêem passando na rua. E enfim, atualmente me encontro solteira, na praça, na pista, como quiserem chamar este momento. Não poderia estar mais sozinha e mais plena. Não há nada de ruim nisso, o único risco é se afogar em novas e inventadas paixonites platônicas que nos consome e nos faz acreditar em coisas irreais. Eu poderia estar passando este momento com uma meia dúzia de zé manés, mas tenho preferido o recolhimento à super exposição da minha vida para terceiros julgarem.
Neste momento de solteirice, quando rola uma pequena dose de carência, nosso coração sai à caça de novos amores platônicos ou não. Um dos últimos que eu poderia contar foi de um rapaz que conheci por acaso numa dada situação e depois descobri muitas coisas que nos interligavam, mas nosso contato foi muito restrito e logo o lance não decolou. Mas me senti absurdamente atraída pela beleza dele. É claro que o conteúdo da pessoa é o mais importante. Eu não consigo me interessar por qualquer um. Inclusive o que não falta são homens bonitinhos que não me despertam o menor interesse: normalmente fazem a linha "playboyzinho". Nestes casos, é como se não houvesse ninguém na minha frente. Não vejo nada. Se o homem é vazio, não consigo me interessar por ele, mesmo que seja bonitinho e coisa e tal. Se o cara for babaca e machista, ainda perde mais pontos comigo. Resumindo, é o conteúdo que interessa, mas a beleza também é importante , apesar de que até ela é relativa. O que não falta são tipos diferentes de beleza.
Esse último me conquistou pela beleza e gentileza em seu comportamento. Depois tive um outro rápido interesse num homem altamente belo. Neste caso foi apenas a beleza e só. O conteúdo, neste caso, eu poderia considerar como "médio", mas por razões outras, também não deu em nada e nem há meios para isso. (Já comecei uma super exposição da minha vida afetiva no blog, coisa rara, mas não poderei entrar em todos os detalhes por aqui, inclusive para proteger a privacidade dos envolvidos).
E o último, o último mesmo, the last one, que foi o que me deu vontade de escrever sobre o assunto, é uma pessoa que eu não conheço mesmo. É conhecido no meio artístico e sempre ouvi falar sobre ele, há muitos anos já. Hoje, por acaso, resolvi jogar seu nome no google e fiquei encantada com o rosto que se desenhava à minha frente. O melhor é perceber que nesses casos o lance não é tão improvável assim e que há mais afinidades entre dois corpos que supõe nossa vã filosofia.
Amores, sendo prováveis ou não, nutrem nossa alma e enfeitam nossa vida com novas cores e flores. A primavera está aí pronta para ser desfrutada. Qual será meu próximo amor? Talvez eu seja uma flor, ele um beija-flor. Eu poderia ser também o beija-flor, mas cansada da minha natureza ariana que corre atrás do que quer, neste momento prefiro ser encontrada, tal como uma flor em repouso aguardando um pássaro a aterrizar.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sonho

Esta noite eu tive um sonho e apesar de ainda conseguir reviver as emoções
nele contidas, eu não saberia ao certo descrever com perfeição o que se passava nele.
Ontem li em um livro que os sonhos são como cartas que nosso inconsciente nos escreve.
Lembro que no sonho aparecia um casal de amigos que mesmo não estando juntos no momento,
creio que em algum momento da vida estiveram juntos ou ainda estarão, futuramente.
Ela é tudo o que ele precisa, inclusive a níveis emocionais e familiares.
Como se ela possuisse as chaves que lhe faltam.
Ontem também vi o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, e o sonho foi mais
ou menos como a trama deste filme. Uma luta entre dois seres que se amam. Uma luta
a nível inconsciente que contém imensa densidade de símbolos, significado e emoção;
Uma luta no mundo das idéias, uma luta para decidir se o ideal de amor construído por eles
enfim se concretizaria. É por esta instabilidade da realidade do sonho, (na verdade, tratava-se de uma surrealidade, vanilla sky) que sonhei com a casa em que o casal morava. E era uma casa
no meio do mar, um tanto quanto instável e insegura. Era bonita, mas mal tinha chão ou teto e ela boiava
deixando seus moradores à mercê da sorte.
O tempo teimava em querer destruir e apagar tudo, desde a casa até o relacionamento dos dois, mas
sendo ela, minha amiga, tudo o que ele, o cara, precisava, ele então lutava muito para ter enfim por perto
a mulher de seus sonhos.
Em algum momento da convivência do casal, houve uso de drogas e muito desleixo, o que deu margem
para a entrada de fatores um tanto quanto mal-vindos.
A mãe dele, a sogra da minha amiga, chegava para estragar tudo o que com o tempo se construía
com base em companheirismo e inclusive prazeres ilícitos.
Questões minhas, de minha infância, de repente se misturaram à trama e eu sinceramente não
entendo a relação entre estes dois mundos. O meu e o deles.
O fato é que presenciei uma luta pelo amor, pela união. Vi na felicidade alheia, a minha própria felicidade, como uma mãe que tenta uma reconciliação entre seus filhos. Enfim, não encontrei outra comparação melhor. Mas basicamente este foi o teor do sonho que tive durante esta última noite
que simplesmente terminou com uma enorme motocicleta voando ao mar e colocando tudo abaixo.

Sem eira, nem beira

Sem eira, nem beira.
Uma casa feita
de nuvem e céu
e também mar.
Feita para aMAR.
Sem Vieira,
nem bobeira,
entrego meus mais
pueris e doces sonhos
aos amigos
que sabem nadar.