domingo, 22 de julho de 2012

Eclipse

Ó lua gorda e luminosa,
és a mãe
de todos os
bêbados
e pobres
poetas
desta dimensão.

Sob este
ar contaminado
de
fedor
e umas letras
arrumadas,

és soberana.

Agracia
teus filhos
artistas
com uma
dose
de
amparo e
ilusão,
fazendo-os
acreditar
que esta luz
cura
depressão.

Teu brilho
emana
dos
mais altos
raios
do
sol
patriarcal.

Tu és mãe,
e ele pai.

Na hora
do divórcio,
houve
comum
acordo
de que
ambas
as partes
não
mais se
encontrariam
pois
suas naturezas
tão
diferentes
não mais
se tolerariam.


Foi desde
então
que sol
e lua não
se encontram
nunca,
salvo
raras exceçoes
de
momentaneos
eclipses
de paixão.


Não importa
a separaçao.

Durante
o dia,
pai sol
nutre
toda a terra
com seus
generosos
e abundantes
raios de
calor.

Durante a
noite
a grande
mãe
se levanta
a contentar-nos
com sua
esplêndida e
singular
beleza
do
amor.

Tal
como
na
natureza
humana,
alguns
filhos
puxam
seus pais,
outros
suas mães.

É por isso
que alguns
de nós
possuem
natureza
solar,
enquanto
outros
transitam
pela misteriosa
natureza
da lua.

Não
sei
a qual
dos dois
eu puxei,
mas
não consigo
imaginar
minha vida
sem
o aconchego
de minha
mãe,
nem
o sustento
de meu pai.





quinta-feira, 19 de julho de 2012

Adoralice



Eu poderia chamá-la de Adèle H.
Mas são tantas e cada vez mais doidas
Estas santas-vadias-lindas!

Claudel, Florbela, Lispector
Pagu, Amy, Janis
Adjani, Pamela, Karenina
Tantas e tão monstruosamente lindas!

Não, por favor, não morram tarde
Nada de Brigitte Bardot
Isolada numa ilha cuidando de bichos!
Por favor, nada de Angela Ro Ro
Ou Rita Lee "no escurinho do cinema"
Não, nada de ex-loucas varridas
Sem encantos ou bruxarias

Não, nada disso!
Nada pior do que ex-loucas sem beleza
E sem água para vender na garrafa!

Gosto das venais
Corruptoras das falsa fleuma
Amo as que parem com dor
Escrevem, cantam, esculpem, cospem, atuam, gozam
Como que se extinguindo!
Amo as que vivem até o último suspiro!

Eu poderia chamá-la de doce menina
Mas sei que escreves por amor ao monstro
- Aquele quem devora tuas entranhas!
Sabes que ele te come viva
E escrever é tua única saída!

Sabes bem como sexualmente latejas
Quando se depara de súbito!
Vamos, cabra montanhesa
Escale teus píncaros!
Sou eu quem te faço arder
- Em tremores e temores
Entranhas tuas tão minhas
Porque somos vorazes, doces e malditos
A dobra amarrotada que faltava no liso
A estria fazendo caminhos na pele-arrepio
Porque somos tu e eu
O sorriso do gato de Alice.

Irlan Farias


(Poema que ganhei de Irlan Farias no final do ano de 2011)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sorriso libriano





Instigante e agraciante
és tua natureza venusiana.
Entre teus pratos
há um jogo
de equilíbrios
que mais parece
uma dança
aérea
para minha
natureza
marciana
dura
forte
e unilateral.
Eu sou um,
você é dois.
Eu sou
isso,
e você pode
ser aquilo.
Enquanto
luto contra
meu monstro,
você luta
contra
o tempo,
e contra
toda
essa mania
errada
de desequilíbrio
mundano.
Tens um sorriso
doce
e um gosto
pelos palcos.
Nada mais
posso que
derreter-me
diante desta
beleza
que mata de inveja
até
o mais forte
dos espelhos

Tu és graça,
romance
e galanteio,
és homem
e também
mulher.

Sou fera,
sou mulher
e sou viril
existência.

Por você
percorro trilhos,
atropelo
vaidades
e toda
essa mania
de orgulho tolo.

Enfrento tempestades,
relâmpagos
e transtornos
diversos.
Tudo, tudo isso
para ter por
perto
este
lindo sorriso
libriano.

Ventilador

Rom rom deste ventilador.
Escrevo, rimo e erro com esta dor.
Ressoa minha dor, ventilador!
Já tentei com amor,
mas é só de rancor
que vive 
esta dor.