quinta-feira, 19 de julho de 2012

Adoralice



Eu poderia chamá-la de Adèle H.
Mas são tantas e cada vez mais doidas
Estas santas-vadias-lindas!

Claudel, Florbela, Lispector
Pagu, Amy, Janis
Adjani, Pamela, Karenina
Tantas e tão monstruosamente lindas!

Não, por favor, não morram tarde
Nada de Brigitte Bardot
Isolada numa ilha cuidando de bichos!
Por favor, nada de Angela Ro Ro
Ou Rita Lee "no escurinho do cinema"
Não, nada de ex-loucas varridas
Sem encantos ou bruxarias

Não, nada disso!
Nada pior do que ex-loucas sem beleza
E sem água para vender na garrafa!

Gosto das venais
Corruptoras das falsa fleuma
Amo as que parem com dor
Escrevem, cantam, esculpem, cospem, atuam, gozam
Como que se extinguindo!
Amo as que vivem até o último suspiro!

Eu poderia chamá-la de doce menina
Mas sei que escreves por amor ao monstro
- Aquele quem devora tuas entranhas!
Sabes que ele te come viva
E escrever é tua única saída!

Sabes bem como sexualmente latejas
Quando se depara de súbito!
Vamos, cabra montanhesa
Escale teus píncaros!
Sou eu quem te faço arder
- Em tremores e temores
Entranhas tuas tão minhas
Porque somos vorazes, doces e malditos
A dobra amarrotada que faltava no liso
A estria fazendo caminhos na pele-arrepio
Porque somos tu e eu
O sorriso do gato de Alice.

Irlan Farias


(Poema que ganhei de Irlan Farias no final do ano de 2011)

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