sábado, 24 de dezembro de 2011

Medo

Medo de perder-te por entre meus dedos, como água que escorre, fugindo à possessão diabólica do meu ego. Medo que o momento seja pouco. Que seja menos do que desejo. Medo que não compreenda a língua estranha que falo sob efeito de algum doce qualquer.
Medo que o mais torne-se menos e que você vá-se embora como água em efeito gasoso.
Medo do tempo obedecer-se deslealmente aos meus comandos.
Medo.
Medo de apodrecer antes que viva
e de não aprender aquele estranho dialeto
escrito em pedras praianas,
que os búzios insistem em nos ensinar.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Caminhemos

Mergulhada em coincidências bizarras, tento inutilmente recapitular os sentidos que norteiam a mim, a tudo e a todos. De nomes a sentimentos intensos, tomo conhecimento de um real sentido sutil e invisível por trás dessa cortina toda de nuvens. Redes que se intrelaçam fazendo parecer-me uma boba vivendo de coincidencias e repeticoes, porém fazendo da vida uma peça de teatro encantadora e deslumbrante.
Cada um que passa por nossa vida, não vem sozinho. E não nos deixa sozinhos. Troca contínua de fluídos, de tempos passados, presentes e futuros. Tudo junto e misturado.
 O tempo presente não é só presente e nem está vagando pelo espaço isento de sentidos. Pelo contrário, Recheado de sentidos e de possibilidades muitas e infinitas, ele interage com o passado e com o futuro a se desenhar no horizonte. Somos todos membros de uma história sem fim chamado existência. Mirando aquele ponto no infinito, vamos caminhando sem nos darmos conta de tamanha beleza ao nosso dispor. Como diria Paulo Leminski, distraídos venceremos. Eu poderia ser mais pessimista e terminar o texto dizendo poéticamente que continuo, fatalmente, mergulhada em uma banheira de letras sem sentido, sem sequer entender metade da missa. Mas pude optar pelo otimismo, acreditando que a estrada nao acabou, que estamos todos juntos, interligados, seja na matéria ou não. Não existe solidão, a não ser aquela como opção. A estrada continua, deve haver algum ponto de chegada, caminhemos RETOS, como irmãos, braços dados ou não. Encerro meu texto me questionando sobre a importância de uma contínua alimentação da alma, seja através de orações, de poesia, arte ou de bons amigos. Alimente-se de arte para não morrer de vazio. Não aceite o pouco ou o médio. Tenha metas grandes e se afaste de tudo o que atrapalha a vida. Era simples e eu não via.
Caminhe e caminhemos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Se oriente, rapaz

De vez em quando, penso eu com os meus botões sobre as origens de certas palavras e expressões.
Ontem enquanto eu andava com alguns amigos pela Lapa, compartilhei com eles a minha última teoria: da onde vem a expressão "se orientar" que irei vos explicar.
Durante a época das grandes navegações marítimas, lá pelo século XV, a grande missão, o grande objetivo, era justamente o de atingir o Oriente pelas rotas marítimas. Era lá onde se encontravam as valiosas especiarias que depois seriam comercializadas. Deste modo, a região se tornou um importante  destino e um pólo de grande movimentação.
Imagino, eu, que seja daí a origem da expressão "se orientar".
Orientar-se = buscar o Oriente.

Evolução

Não existe evolução com repressão.
Não existe evolução com diferenciação.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Lápide

Aqui jazz um corpo.

Sobre a verdade

Não há verdade ,nesse mundo, que seja tão incontestável a ponto de não passar por uma verdadeira revisão de valores quando o relógio marca horas tardes. Encostada em meu travesseiro, nem dormindo, nem acordada, tenho por hábito (inconsciente) revisar todas as minhas verdades e conceitos até então alimentados como dogmas. Nessas horas tardes, quando não há luz que atrapalhe a real visão, minha mente trabalha de uma maneira diferente. Despida de qualquer vício ou apegos, ela vasculha ambientes muitas vezes por mim ignorados. Busca assuntos por mim muitas vezes esquecidos.
Numa velocidade rápida, como a da luz das estrelas quando percorre o espaço até atingir nossas retinas, ela, a minha mente, dá verdadeiros saltos filosóficos em busca da verdade cristalina. Lapidando meus conceitos, vou aperfeiçoando meus olhos e olhares ante o mundo e enxergando a realidade sob um novo prisma. Um simples tom azul, sob este meu novo prisma, pode adotar novas colorações. Uma simples nota musical pode também adotar novos sons e ruídos.
Como uma andorinha curiosa, enfio-me em becos novos, novos e fundamentais atalhos. Passeio pela relatividades das coisas fazendo uso de uma racionalidade apurada e entendo que, enfim, verdades cem por cento verdadeiras não existem e que estão sempre em constantes e progressivas contestações mutáveis.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Da complexidade da palavra e outras mentiras mais

Ramificado, Ramiro prometeu o que jamais cumprira a Dona Raimunda sua mãe:
Ser um homem de palavra.
Pois, filosofando entre tintas frescas de concretismo pós-modernos,
contentou-se em ser apenas mais um ramo da rama ramificada.
Palavras não traduzem, palavras reluzem.

E tudo aquilo que não é feito de material concreto,
perde-se por estrófes não-pagas de
amarelos sorrisos envaidecidos:
a cada esquina, uma nova mentira.
a cada esquina, um novo ramo.

Viver é pros raivosos.
Tapa na cara que vira sangue,
albergue que vira moita
e choro que vira arroto.

para os invencivelmente
descontentes
deixo
minhas lástimas
para
um
mundo
de verdadeiras
mentiras ensaiadas.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

...

Após uma noite endiabradamente estelar, Dona Jurema, no alto de seu contrangimento angular, filosofa com seus botões abertos:
-Pois é, a vida também é feita de fodas acidentais.
E retomou a ginástica orgástica ensaiando o próximo orgasmo invencivelmente
orgástico.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Acid Jazz facebookiano

Designer, desenhista,mãe, escritora, cantora de chuveiro, adestradora de cães & gatos, fotógrafa meia-boca, polêmica por natureza e paqueradora nas horas vagas. 
(Alice Miranda acid jazz, babe) :)

Catástrofe

Catástrofe é meu nome escrito em borra de café amanhecido.

Rastro branco volátil.

Um dia quando ainda era Alice
no país de alguma coisa
decidi seguir um rastro
branco volátil.
Meti-me nas mais loucas aberrações
rurais e rochosas.
Engatinhei nos espermas
petrolíferos do deus inventado pelo
homem.
Descobri que eu era maravilha.
Surda, muda, engrandecida.
Virilhas selvagens de virgens
sem mães.
Julgaram-me pelas máscaras,
pois não sabiam de fato a rainha
adormecida no peito sangrento.
A selva de pedras era pouca,
apodrecida em meios baratos
de suculentas mentiras.
E eu tinha alma grande
a ponto de sonhar
com o Rio de Janeiro amanhecido,
o belo crepúsculo da minha vida.
O sol atrapalha o pensamento,
a verdade machuca o lince
de meus olhos.
A morte seguiu seu dono
a ponto de continuar
arbitrariamente
ensanguentada
e sentada a meu lado.

De tudo

Tive ódios que superaram a calma.
Tive líquidos para a telha avermelhada.
Do amor e outros demônios,
me esquivei a números cardinais,
arbitrariamente inventados por
uma dúzia endiabrada.
Tive ódio. Tanto ódio invisível
que o único a ouvir foi meu
santo de alguma cruzada napoleônica qualquer.
Bebi o último gole e saudei meus demônios
da garoa engrandecida.
Tive gatos pingados humanos, botas pretas
e uns trocados qualquer.
O ódio superou o amor. A dor tomou sua cor.
Retomei o timo, o relógio que não obedece
as horas
reais
nuas e cruas.

Você não valeu de nada. Dedico à mediocridade meu último gole de sabedorias chinesas, albuquerquinas, masoquistas e alpinistas.

24

Um dia emprestei minha alma e fui cobrada anos depois.
Esperam de mim o que eu já nem lembro mais de ter sido.
Esperaram gatos e tiveram lebres.
Quiseram risos e tiveram mijos.
Ora, eu, no alto dos meus 24,
trepada no alto do Edifício Master,
vos digo:
Tenho casa, comida e roupa lavada.
Eu canto pros surdos,
leio pros cegos e me regojiso
a estrófes atmosfericas.
Sento na rua, falo em voz alta,
furo a bunda em espetos
e quero mais é que se foda.
Minha vitrola canta pra mim.
Espeto de pau, burla burlada,
remédio que não remedia.
E sente a bunda
QUE LÁ VEM HISTÓRIA!

Mostra Livre de Artes

Mostra Livre de Artes.

Alberto encontrou Marly
que se apaixonou por Gerivaldo
que por sua vez não tinha ninguém.
Gerivaldo acanhado
entrou na ciranda das pedras surdas,
desenterrou seus ossos
e vistoriou os passaportes
da auditoria pública,
porém insensivelmente
pastosa.
Ano ante ano.
Dia após dia.
O vento que aqui sopra,
não é o mesmo vento
que aí pertuba.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Para mim

Se um dia um homem eu tiver vou querer que me trate
por senhora. Senhora de seus destinos.
Vou querer que me tema em dias de fúria
e vou querer que me ame em dias de deserto.
Tem que saber me amar com profundidade
kilometrica, ensaiando gestos de pequenas piscininhas.
Sou passarinha maluca, preciso de cuidados
quando o riso estanca, quando a boca arde.
Fogacidades métricas, azulejos envaidecidos.
Seja homem e seja meu. Brincar de amor
tenro e descontrolado.
Internet será proibida, politicagens também.
Homem que é meu é meu e da minha sombra,
do meu passado, presente e futuro.
Bicho ordenado, amores bastardos,
cataclismas amordaçados.
Namorei alguns. Nenhum me valeu de porra nenhuma.
Gosto do que não tenho. Desejo o que não existe.
Cobra mansa que dá no pé, percevejo amigo ateu.

Copacabana

Copacabana é um bairro sujo.
Velhas para todos os gostos.
Cassinos albuquerques imperiais.
Sinto frio nas costas, calor no rosto.
Amortecimento da pedrada
e um beck na minha mão.
Acredito na multiplicação da palavra.
Acredito no mar em dúvida.
Sinto falta do calor total,
e da rosa imperial.

Do que eu falo

Diante da vastidão de tantas mentiras compradas ainda querem
empurrar-me promoções medíocres.
Querem me ensinar o beabá com "dor" e com "sofrimento".
Cruel e insana já é a propria vida com prazo de validade,
dua e marcada.
Eu escrevo sobre belezas que só eu vejo, escrevo sobre rios
que transbordam em belezas naturais. Escrevo sobre o que eu gostaria de ver,
porque, sim, eu sei esperar. Tenho paciência.
Aguardo maliciosamente a minha vez.
Escrevo o que quero, o que sinto. Mercado pra peixe peixinho é.
Mãos de ferro que abrem a cortina do nada para vislumbrar
tanta merda e asfixia. Vamos falar de amor, de cactos do Norte,
de juventude transviada. Cada peixe no seu aquário.
Vamos rir e deitar na grama dos aflitos.
Não falo de merda, eu ouço merdas.
Um beijo sabor tutti-fruti mentolado para a dor do parto
que eu sinto ao ver-te passar.

Feroz ferocidade

Feroz ferocidade. Enfim e todavia o negro tornou-se branco.
O branco tornou-se riso. O vermelho avermelhou-se.
Tua obra vacinada a todas as atrocidades terrenas
queimou-se em capiais de lavanda seca.
Ora essa, não me venha com neologismos.
Palavra é fria e ditatorial. Soco em cara dura.
Força na peruca e flores por todo lado.
Cinema na boca da lata. Pouco que vira muito,
menos que vira mais. A paisagem é minha
comprada à vista, sem parcelamentos ou juros.
Eu sou eu. Não preciso de conselho outro.
Estatuetas bronzeadas de cano alto.
Faltou a parte que faz sentido e disso eu não me importo.
Só me importo com o que dá sorte, com o que tira
a morte. Beijo na fuça da brutalidade mórbida

Disfunção gramatical

Valha-me deus desta tua desonra constitucional.
Nada mais a temer que seja minha própria língua
em cortes vivos e hematomas reais.
Merda adulterada. Riso de boneca.
Vai vadiar na esquina do seu paraíso fiscal.
Sou mendingância elegante. Sou rainha dos dias frios
outonais. Chiqueza do chiqueiro da sua avó.
Galanteios na cinelândia.
Sou moça, Patrícia, da pátria.
Não aquela lá.
Essa aqui que usa lã em dias frios,
que come pelas beiradas e adora uma
disfunção gramatical.

Na beira da estante

Asfixiadamente troquei meu cavalo dourado
por uma gama de titanics furados.
Não passei do meridiano.
Não cheguei a porra nenhuma.
Marinheiros de merda. Risos catástróficos.
Mijo de rato. Cagou na beirada da cama.
Idiota vagabundo, o navio é meu.
MEU! A festa é minha e MINHA.
Quem paga sou eu.
Quem fode é a tua mãe.
Por fim,
me recolho à minha eterna desimportância
simulacra.

Sexologia

Se não fosse teu, seria meu.
Não sendo meu, me regojiso a esferas
nuas de meias-verdades e labirínticos
desejos. Carne trêmula.
Troco poesia por dinheiro,
troco sexo por amor.

Lapa-maki

Lapa, Lapa-maki, japonesidades à toda obra.
Olhos raio laser e trovão. Encontrei Doralinda
que não gosto. Não gosto dela. Enjoada. Escrota
e fétida. Alforria pra Nostradamus.
Vamos celebrar a estupidez! E falta de modos!
E a ganância. Troquei meu português por
meia dúzia de sushis.

E por fim o riso que vira mijo.

Câmbio

Câmbio numérico. Rosa dos ventos.
Geografia desconcentrada,
sordidez dos seus fios.
Tempo amortecido,
gandaia caída de pára-quedas.
Flor do asfalto,
ritmo, amor e valsa fina.
Daime risos. Daime.
Santo daime. Risos
Carnivoramente rejeito.
Pele, pêlo e derme.

A poesia

A escrita ultrapassa linhas de chegada,
ultrapassa margens filiadas a partidos diversos.
A escrita é esquizofrênica, a poesia é suja.
Suja como ratos amanhecidos no deserto úmido.
Sujeira ritmada. Coração descompassado.
Amor de latrina e latinhas ensurdecidas.

Português

Podem me emprestar o inglês, o alemão e o turco, o português continua sendo a lingua do futuro.

domingo, 27 de novembro de 2011

Segredo de manequim

Confiei meu mais secreto segredo de manequim a Sócrates adormecido.
Fugi pelas tabelas e adormeci frígida ao lado de Leopoldo.

O tempo

Um gafanhoto perguntou ao tempo quanto de tempo haveria dentro do próprio tempo.
O tempo pensativo respondeu que seu filho tempo não tinha tempo.
O gafanhoto pensativo deixou sua casa, família e terras em busca do tempo
que se separou dele mesmo. E descobriu no fim que ele era o próprio tempo.

Aos amigos

Haverá tempos melhores e haverá tempos piores.
Haverá gotas de orvalho em dias secos
assim como também haverá risos em dias nublados.
Haverá mais amor em terra de titãs
Haverá muito mais amor em mim.
Minha carne é da terra, meu coração do mar
e a cabeça dos ventos.
Vou embora e deixo meus rastros insalubres.

:)

Áriesgêmeosescorpião16041987hellporta:abridor:antenasEvolume.potencias.numericas123:::

sábado, 26 de novembro de 2011

[...]

Descobri que pra ser poeta é preciso mais, um pouco mais de ousadia e calor humano.
Descobri que falar por falar me levou à jaula dos leões.
Poeta que é poeta é o cara que chuta com vontade chutar, que beija com vontade de beijar.
Usar a fraqueza contra a força de uns é perda. Usa a força contra a fraqueza de outros é covardia. Ser poeta é ser bruxa, mãe, esposa, irmã, Lilith. É tentar dar conta a
té do que você não dá. Ser poeta é fingir alegria quando tudo o que você mais quer é se arrebentar inteira. Ser poeta é se orgulhar de cada erro seu e na boca escancarada da morte ainda ser capaz de sorrir.
Aturar choro da vizinhança não é pra mim, Alice. Pra você eu desejo algo que eu não sei o nome. Não brinco de amores. Brinco de verdades. Da verdade eu vim, nasci, morri e morrerei quantas vezes mais for preciso. Ser poeta é não temer nem o próprio espelho. É ser imbecil e ainda sim pintar a cara e rodopiar pelos quatro ventos da cidade. Amores comprados nunca me interessaram. Brincar de casinha não é pra mim. Ponto final. A ALEGRIA é pros que merecem e nada mais.

domingo, 13 de novembro de 2011

Ausência

Que os ventos do norte te guiem
toda vez que o mundo parecer um deserto
e não houver ninguém mais por perto.
Que a brisa marinha te acaricie a espinha
fazendo retomar a linha.
Que as chamas do inferno te alimentem a alma
quando simplesmente faltar a calma.
Que os cactos do caminho te perfurem a derme
quando quiser-te comer o verme.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sobre áries

Áries me lembra campo, me lembra céu aberto,
inícios e cavalgadas rumo ao horizonte dos poetas.
Pertencer ao signo do carneiro é ter uma chama acesa no peito
que nunca se dá por satisfeita.
Tropeços e também caídas, novos recomeços.
Experimentações.
Vento que roça na face, amores elevados à décima potência.
Ser de áries á também ser dono de uma teimosa tenra.
É errar muitas vezes, dar murro em ponta de faca esperando sempre os
melhores resultados. É acreditar na vida, engatinhar no cosmos,
expulsar limites e pular cercados.
Ter nascido sob o primeiro zodiacal significa ser fogo puro,
contemplar o vazio e saltar rumo ao desconhecido.

Sons e palavras

Descobri que as palavras em mim pesam, em mim fazem eco.
Palavras são feitas de algum material que eu ainda desconheço.
Um dia quem sabe eu mapearei sua organização química e estrutural.
Palavras jogadas aos quatro ventos, jorradas como tintas em paredes
cruas em mim deixam marcas e simplesmente ecoam.
Palavras não passam, palavas permanecem.
Algumas são bonitas, sonoras e macias.
Métrica dos deuses.
Outras sao desconfortáveis,
cruéis e insanas.
Algumas acariciam, outras ferem.
Algumas trazem cor, outras trazem dor.
Algumas formam rimas, poemas,
outras apenas disritmia.
Viver mais do que dar a cara a tapa é também
ser expor a uma ventania de sons e palavras,
é funcionar como espelho para a vaidade de terceiros.
Mais do que isso é ser por um instante aquilo que não somos.
Eu sou justamente aquilo que ninguem vê,
sou o que as palavras esquecem de traduzir
e sou o que o tempo teima em destruir.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Niágara

Minha alma foi engolida por uma legião de sem nomes.
Injúrias me levaram ao lugar comum do nada, petrificada e julgada.
Prataria de piratas sem dentes, amordaçada
e engolida pelas ondas de um mar revolto.
Não tenho a nada. Tenho a mim.
De mim eu vim para mim eu voltarei.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

[...]

'Hoje está um dia de nada. Hoje é zero hora. Exis­te por acaso um número que não é nada? que é menos que zero? que começa no que nunca começou porque sempre era? e era antes de sempre? Ligo-me a esta ausência vital e rejuvenesço-me todo, ao mesmo tem­po contido e total. Redondo sem início e sem fim, eu sou o ponto antes do zero e do ponto final. Do zero ao infinito vou caminhando sem parar. Mas ao mesmo tempo tudo é tão fugaz. Eu sempre fui e imediatamente não era mais. O dia corre lá fora à toa e há abismos de silêncio em mim. A sombra de minha alma é o cor­po. O corpo é a sombra de minha alma. Este livro é a sombra de mim. Peço vênia para passar. Eu me sinto culpado quando não vos obedeço. Sou feliz na hora errada. Infeliz quando todos dançam. Me disseram que os aleijados se rejubilam assim como me disseram que os cegos se alegram. É que os infelizes se compensam.Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro. Tempo para mim significa a desagre­gação da matéria. O apodrecimento do que é orgânico como se o tempo tivesse como um verme dentro de um fruto e fosse roubando a este fruto toda a sua pol­pa. O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o tem­po em si não existe. Ou existe imutável e nele nos transladamos. O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa — eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo tam­bém o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto. Quero me mul­tiplicar para poder abranger até áreas desérticas que dão a idéia de imobilidade eterna. Na eternidade não existe o tempo. Noite e dia são contrários porque são o tempo e o tempo não se divide. De agora em dian­te o tempo vai ser sempre atual. Hoje é hoje. Espan­to-me ao mesmo tempo desconfiado por tanto me ser dado. E amanhã eu vou ter de novo um hoje. Há algo de dor e pungência em viver o hoje. O paroxismo da mais fina e extrema nota de violino insistente. Mas há o hábito e o hábito anestesia. O aguilhão de abelha do dia florescente de hoje. Graças a Deus, tenho o que comer. O pão nosso de cada dia.'

'Um sopro de vida - Clarice Lispector'

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Gracejos poéticos - Segunda publicaçao das minhas poesias



Olhos líricos

Tentei grossamente a meu próprio modo
reproduzir seus olhos líricos e traços virginais.
Mas tudo o que consegui
foi adentrar o mundo dos marginais.
Quis porque quis cobrar direitos autorais
destes olhos tao virginais,
mas só consegui entrar pro hall dos passionais.

O céu é o mar

Os tempos eram tão difíceis e rasgantes que tudo
o que me restava era sucumbir às forças naturais
que me acordavam todos os dias com chiados estranhos.
Chamaram-me na chincha, meu nome
fora convocado para o lado de dentro da espiral.
Não havendo saídas eu sucumbi ao desconhecido,
atirando me de peito a um mundo de novos signos,
de gritos e suspiros,
de danças e cirandas.
Para minha surpresa e eterna gratidão fui
recebida de braços abertos, como bebê
que necessita de braços outros para se
aconchegar.
Tiro certeiro.
Caí certamente no olho do mundo,
onde tudo acontece. Entrei em contato
com todas as forças ancestrais que
originam as mais banais manifestações
do óbvio.
Entrei em contato com a grande mãe
que cansada de aconselhar seu filhos,
recolhe-se a seu prometido desamor.
Mas nem tudo são espinhos.
Mergulhei de cabeça no mar
da verdade suprema, Iemanjá
me acariciou a testa, me recebeu
com festa. Meus ouvidos
tornaram-se surdos a barulhos corriqueiros.
Adquiri novos sentidos,
adentrei um mundo para poucos,
um mundo para espíritos corajosos.
Aprendi o manejo das ondas,
entendi a ordem do mar e
seu cosmos ao contrário.
Conheci os segredos das dimensões
pra dentro, onde nenhum capitão ousa
se aventurar.
Entendi, enfim, que o céu
na verdade é o mar.

No tempo das vacas anárquicas

Houve um tempo
dentro desta vastidão temporal
de rodamoinhos e incertezas
em que tudo foi diferente do que hoje é.
É difícil imaginar um tempo em que tudo
estava em seu ensaio matutino, estrela da manhã.
Este fora também o tempo das cobras mansas,
dos leões nadadores de aquário
e das vacas anárquicas.
O homem era mero detalhe, mero
espectador de uma realidade lúdica e translúcida,
apenas consciência em estado latente.
Eu, você e ele. Todos nós rascunhos
de vida, consciência divina.
Palavras não havia, alfabeto também não.
Espectros se sobressaíam por uma
realidade crua e nua, porém
isenta de carne, sangue ou maldade.
As vacas eram mais que sagradas,
as vacas eram
sábias filósofas.
Dotadas de incrível conhecimento
pré e pós universal, davam
verdadeiras palestras cósmicas sobre o real
sentido da vida e de algo próximo
à paz e ao amor.
Organizadas em sindicatos,eram
as verdadeiras provedoras de tudo
o que há por vir..
e veio!
Fomos todos rascunhos arquitetônicos
de um plano extrafísico,
gêmeos dividindo um mesmo ventre de espera.
Tudo o que eu sabia ,podia e queria
era observar o começo de tudo.
Do a ao z, do zero ao infinito,
do nascimento à morte,
estive presente em todas as faces do cubo,
junto às vacas
anárquicas e seu rebanho de humanidade,
nos nutrindo de pão, leite e sabedoria 
vendo o mundo se construir.

Por você

Por você
eu compraria um apartamento no inferno
e passaria férias no paraíso.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

[...]

"Isto não é um lamento, é um grito de ave de rapina. Irisada e intranqüila. O beijo no rosto morto.
Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos.
De repente as coisas não precisam mais fazer sen­tido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é."

(Clarice Lispector - Um sopro de vida)

Quando a poesia acontece

O dia entardece,
minha alma enobrece
e a poesia acontece.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tempos de esbórnia

Eram tempos divertidos de esbórnia.
Os dias eram cor de laranja
e as nuvens choravam borboletas.
Meus poemas ainda moravam
em gavetas
e eu colecionava violetas.
Eu sequer tinha nome,
eu sequer tinha sombra.
Eram tempos divertidos de esbórnia,
as horas não tinham pressa
e eu sonhava à beça.

Catavento

Catavento mandou dizer
que
em segredo
ele ainda gosta de você.

Em segredo

Sinto saudades de tudo aquilo que me prometera
e que jamais cumprira.
Saudades de uma bebida açucarada,
talvez com gosto de cereja com anis
que eu jamais derramara.
Mel e doçura desperdiçados ao acaso.
Te quis e te precisei mais do que meu próprio ar.
Você foi meu ar, minha vazão e minha escravidão.
Foi meu suor, meu trabalho árduo,
minha lavoura dos sonhos.
Você foi meu tremido de inverno,
minha planta seca de outono
e meu broto de primavera.
Você foi tudo e mais um pouco.
Meu homem e desbravador.
Leito e roncador.
Você foi meu amor,
minha dor e minha flor.

Amor

Baby, eu sei que incomoda,
mas o amor está fora de moda.

Ensaio das Letras - Primeira publicação


Primeira publicação das minhas poesias em mãos! A 5 reais, você pode comprar diretamente comigo!

Se você entendesse

Tudo seria mais fácil
se você entendesse
que o amor não nasce em vão
e que o leite não existe sem o chão.

Imperatriz do trono azul

Diante de meu trono azul,
vejo meu imperador que nao chegou.
Sou imperatriz vazia,
enamorados em desarmonia.
Usei a espada da justiça,
apontei para cima
e convoquei os sete céus.
Você não veio
e eu ainda sou
a imperatriz do trono azul.

Animal agonizante

Animal agonizante
rasteja sua pele perebenta
pelo chão de marmore morto.
Rasteja buscando pelo o que jamais encontrará,
rasteja esbravejando o que jamais se exorcizará.
E assim vive ao deus dará
o meu animal agonizante

Gracejos ao luar

O sol está escondido
A lua sai pra brincar
As bruxas estão a voar
e nós aqui a gracejar
ao luar.

Agosto, o mês do desgosto

Agosto me traz um desgosto
que nem gosto de amora
é capaz de expulsar esse encosto.

Lavo meu rosto,
pois estou indisposto.

Agosto é mesmo o mês do desgosto.

Elefantes brancos

Elefantes brancos
insistem em aparecer todas as noites
em meus sonhos de menina doida.
Não conseguindo os expulsar,
permito que permaneçam.
Não são elefantes santos, mas são elefantes mancos
que não permitem ninguém  mais aqui entrar.

Uma passagem pra marte

Eu queria viver de arte
Tudo que consegui foi uma passagem pra marte.
Amanda me ofereceu uma bela proposta,
mas eu acabei fazendo bosta.

Meu Paul que não é McCartney

Meu Paul não é um lord
de vez em quando ele me morde
Meu Paul não é inglês
mas me conquistou em um mês.
Meu Paul nao toca guitarra
mas vive com muita garra
Todos os dias de manhã
pinta seus olhos enressacados
com o lápis de minha irmã.

sábado, 1 de outubro de 2011

Confetes na sala de estar

Confetes coloridos enfeitaram minha sala de estar
Como num episódio de realismo fantástico
estrelas cadentes atravessaram meu corredor.
Cachoeiras caíram no sofá e a prata da lua resolveu descer
para enfeitar meu colar.
O impossível tornou-se possível por apenas alguns
segundos.
O céu esteve na terra, a terra no céu e o inferno eu nao
sei mais. As forças tornaram-se unas.
Os ângulos se completaram
e eu virei sol, calor, aconchego e esfera.

Apenas Alice

Leopardos dançantes
me convidaram para o banquete dos loucos.
Lagartas de fogo me ensinaram os segredos
do malabarismo.
Formas fálicas, a arte do tantra.
Budas levitantes me mostraram o caminho do meio.
Eu apenas dancei meu ballet dos desconsolados.
Escorreguei em mentiras, vislumbrei
o impossível, busquei artifícios.
Adentrei becos censurados, conheci
o gato de botas. Fui pequena para poder ser grande.
O dia entardeceu e eu continuo sendo apenas..
Alice.

Abigail me traiu

O leão rugiu,
meu castelo ruiu.
O muro caiu,
e meu coração fugiu.
Tudo isso
porque
Abigail me traiu.

Meu erro preferido

De todos os gostos que posso ter
eu ainda desejo apenas o seu.
As suas cores, o seu conjunto de odores,
suas faltas, tédios e remédios.
Saudade das virtudes que nada valem,
do pão amanhecido, e das tardes em desperdício.
De todos os amores, de todas as possibilidade
infinitas desse universo que não conspira,
eu ainda insisto no erro mais que agradável, você,
suas calças velhas e sua viola desafinada.

o brilho que não me pertence

deu meio dia
não vejo as estrelas, mas elas lá permanecem
a vênus continua em peixes
a lua é cheia
e eu ainda sou eu.
a pressa me consome, viver de gravidade
ainda é pouco.
quero voar, quero a velocidade da luz,
e também o brilho que não me pertence.
e na minha ânsia desenfreada
por ser o que não sou acabo por imitar os astros.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

As faces da virgem

Apenas uma mulher experiente pode e consegue parecer virgem a olhos outros.

Filha adotiva do mundo

"De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta, tanta mentira, tanta força bruta."

Falar não é ser

Falar não é ser, falar não é sentir
Falar é falar, é despejar, é sentenciar
Verborragia que não dá frutos
Amor que não sustenta
e beijos que não têm gosto.

21/09/2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Normas da casa

O mais difícil da vida é obedecer às normas da casa.

De mim e para mim

Não, não tenho medo da morte. De vez em quando ela me parece mais digna e confortavel que esse cansaço quase que latente, esse sol de copacabana. Repouso meus pés pequenos e cansados sob o antigo sofá de meu avô. Bonito tecido. Vermelho floral. Pés bonitos, delicadamente desenhados, os tenho. Cansaço. A alma cansa. E também pesa. Viver não foi feito pros fracos. O que é ser fraco? E forte? Forças que brincam em uma gangorra?
Lembranças, quadros e imagens. Imaginação fluídica. Fecho os olhos e vejo apenas o que não existe. A realidade não é confortável. É cansativa, monótona. É irritante.
Todos os dias o sol nasce. E eu me pergunto: pra quem? Flores devem ser mais felizes. Quantas cores bonitas, sendo fake ou não, são cores belíssimas. Nós humanos apenas observamos, não somos. Não somos nada, nem nunca seremos. Fecho os olhos. Meus olhos pequeninos que brincam de ser grandes e só enxergo o invisível, aquilo que ninguém mais vê. Visualizo paz. Apenas paz, e não pais. Vejo pássaros que ensaiam vôos. Theodoro ensaiando seu primeiro vôo sob o olhar atento dos pais gaivotos. Mirando a imensidão do mar e do céu, Theodoro dá verdadeiro show da cambalhotas no espaço. Que beleza. Que falta de compromisso com a vida. Voar e ser feliz. Ele não está preso a gravidade alguma. não existem leis. A lei é ser feliz.  Ele é dono de si, de seu destino. Passado, presente e futuro. Theodoro ultrapassa a linha de chegada. Theodoro é mais. Theodoro é quase deus. Eu continuo aqui no sofá floral de meu avô. Não tenho amigos, não tenho amores. Brinco de amar, brinco de ser e brinco de existir. Existir é em vão. Nao gosto de ninguém. Me sinto cansada, arrasada, alma entorpecida. Todos os amigos que eu tinha me traíram, não reconheceram meu valor, me reduziram quase a pó. Barulhos demais pra nada. Palavras que não têm compromisso, xingamentos contra a parede? Facebook.
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Minha alma ainda é grande. Vou à minha estante e pego meu livro bíblia: Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Clarice Lispector é minha sacerdotisa pessoal. Não uma deusa, mas uma espécie de sacerdote-mãe. Ela teve coragem. Coragem pra pensar a vida e ser feliz até na infelicidade. Pequenos prazeres. Atingiu a imensidão e voltou. E voltou várias vezes e retornou.
A tenho no meu bolso.
Não gosto de punks, não gosto de álcool. Não gosto de niilismo gratuitos. Gosto de buscar sentidos até no que é indigno de compreensão. Sou pra poucos. Niilismo meu , de mim e para mim.
Os inimgos, podem se enfileirar e esperar a vez. Minha vida não foi feita para o ódio, nem para o amor. Foi feita para o prazer. Amor é para os fracos, ódio pior ainda.
E no fim eu ainda sou... amor.
Fim.

20/09/2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Dimensões dos meus sonhos

Os meus sonhos não são do tamanho do mundo
São do tamanho do meu desejo
tão egoistamente tracejados.
Nos meus sonhos há pouca luz
Não desejo muito, não quero muito.
Rejeito o excesso. No pouco habita a verdade,
a matiz e invisível. Me abstenho do fora e permaneço no dentro.

Cordão de prata

Abro a fechadura. Solto minha imaginação.
Permito que a voe pra longe, por entre espaços vazios.
Cordão de prata que vagueia. Pássaro louco que voa.
Bate na parede e volta ao seu eixo.
Me concentro  no ponto, no âmago, fonte central.
Azul turqueza ainda me traz conforto.
Volto no tempo. Indefinido.
Infância, tempos idos e também ausência.
Simbologias arcaicas, inconsciente, nuvens e tentativas.
Busco explicações, mas não acho, não entendo. Apenas
sinto e existo. E respiro.
O nada que é tudo, a ausência que se faz presente, a dor que vicia
e o erro permanente.

No vale da perversão

No vale da perversão
sou a boca que geme
a carne que treme
e a alma que se vende.
Corpos carnívoros que se entrelaçam,
instinto aflorado, desejo depurado.
Vozes além, razão aquém e nada mais.
Amém.

Alice inspirada
02/09/2011

sexta-feira, 15 de julho de 2011

De Marianne para Theo ou Ensaio de um verdadeiro amor. parte 2

Então esse Theo é mesmo um rebelde, penso eu mesma com meus botões.
Uma rebeldia terna, doce, que não agride, apenas encanta. A mim me encanta.
Sempre gostei do tipo rebelde, que foge à linha. Desde a época de minha primeira paixonitezinha platônica aos 13 anos quando me tornei quase completamente que obcecada por Michael, um tipinho praticamente vindo das trevas.
Sempre gostei do diferente. Até hoje o que foge minimamente do convencional me atrai. Não sei por quê, creio que talvez por inspirar autenticidade, coragem, um pouquinho de loucura, rebeldia mesmo.
Pego novamente meu ônibus de volta a minha casa. Vou observando a bela paisagem verde que se desenha a minha frente. Bela paisagem. Sol a pino, pássaros no céu, flores alaranjadas, fios de desejo. No caminho
 vou lendo um livro de crônicas emprestado da biblioteca da escola e ao mesmo tempo
 pensando em idéias para minha mais nova redação. Chego em casa, jogo todo o peso
de minha mochila na cama, pego uma xícara de suco de pêssego e então começo a matutar, rascunhar idéias
 para a redação. Amor, paixão, amor à primeira vista? Sobre o que escrever?
Theo? Ah, Marianne, você está ficando louca, penso eu comigo mesma. Mal conheceu o cara e já está com ele na cabeça até na hora de escrever uma porra simples de uma redação. Mas que coisa.
Vou na minha estante de livros, seção esotérica, livros de magia, o poder da visualização mental.
Este é o ponto.Visualização mental ou como treinar sua mente para obter o que deseja. Acendo um incenso de baunilha e me concentro no assunto.
Sendo a mente algo não paupável, elastica, criação nossa e sendo a realidade um campo de possibilidades diversas, por quê não treinar nossos pensamentos a nosso favor? Cada pensamento possui uma vibração que irá atrair outras vibrações semelhantes. Aliás, isso me lembra coisas muito legais de um passado ainda mais remoto, quando eu tinha lá pra uns 8 anos e já me interessava por assuntos de ocultismo. Logico que eu nao possuía tanto conhecimento assim, mas gostava de brincar de conversar com o nada, de pedir, imaginar. Acreditava que tinha um amigo invisível chamado James. Conversavamos sobre tudo, eu o perguntava sobre coisas do meu futuro, conversavamos sobre o tempo e outras coisas que eu não consigo mais me lembrar. Até o dia em que minha mãe me pegou conversando sozinha e seriamente preocupada resolveu procurar um psicologo. E lembro até hoje, no alto dos meus quase 50 anos, do dia em que eu encontrei um album de figurinhas que estava simplesmente desejando muito. Pensei com tanta força naquele maldito album que na mesma semana encontrei um jogado na rua, cheio de pacotinhos fechados de figurinhas. Coincidência ou não, aquilo me fez pensar sobre o poder de meus pensamentos. Creio que quando queremos muito alguma coisa, nosso inconsciente nos leva a caminhos que facilitem a realização do desejo, talvez como pequenas pistas, atalhos, Enfim. Temos todas as respostas que precisamos, basta ter um pouco de ousadia e espirito de aventura pra descobri-las. Somos possibilidades muitas, desdobramentos múltiplos, pulinhos no infinito. Eis a melhor definição que eu encontrei sobre a alma humana.
O fato é que eu passei aquela tarde inteira lendo sobre poder da visualização, sobre saber desejar, com alma, corpo e coração. E aquela aura de luz que tanto me chamara atenção no bar, ainda me acompanhava em pensamentos. Adormeci e não fiz a minha redação da escola. Acordei com minha mãe me chamando para o jantar. Preparara mais uma de suas sopas de legumes sem graça e sem sal. Da educação natureba, herdei alguns costumes.
A semana passou num piscar de olhos. .
Alguma coisa começava a mudar em mim e eu sequer tinha desconfianças. Começava a mudar gradativamente meus interesses, minhas leituras. Me sentia mais mulher. De fruto verde a fruto maduro.
2 semanas se passaram. Novamente sexta-feira. Lua nova. Novo corte de cabelo. Novamente rua, música, amigos, cervejas.
Qual não foi minha surpresa ao avistar distraidamente Theo e o grupinho da filosofia se aproximando? Faltaram palavras, um frio na barriga, adrenalina, pernas bambas e um sorrisinho amarelo.
Theo vestia um jeans claro com uma aparência de velho e rasgado, uma camiseta branca, uma bota e cabelo bagunçado.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

De Marianne para Theo ou Ensaio de um verdadeiro amor

Quando parece que tudo foi feito pra cansar e pra perder, eu sei que ainda tenho você. Perdido no tempo, no espaço, não mais do meu lado , mas sensação tua ainda se faz presente a cada novo dia. É como se você fosse uma parte boa de mim ,o chocolate mais doce da caixa. Meu passatempo preferido.
Fecho os olhos e apenas sorrio. Só lembro de coisas boas, de todo o legado que me deixou, todos os momento belos que apenas eu poderia viver ao teu lado, mais ninguém. Momentos doces, momentos de integral devoção. Sinto gratidão. Nunca poderia esquecer os mais belos olhos que já me sorriram em ato de dar amor e de não pedir nada em troca, de me fazer rir por horas a fio, de bobeira.
Éramos adolescentes. Vivendo o auge de nossas turbulentas emoções. períodos conflituosos, porém tínhamos sempre um ao outro. Uma brecha no tempo pra brincar de faz de contas, onde tudo é colorido e belo e permitido. Não era preciso pedir nem cobrar nada. A fidelidade era total, a recíproca verdadeira e o prazer descomunal. Descobrimos muitas coisas juntos. Aprendemos muito. E principalmente dividimos nosso melhor, um com o outro. Amizade transparente, amor em escala crescente.
Pego minha foto preferida sua, escondida debaixo do colchão mais velho e fedido da casa. Cheiro de mofo. Sorrio com ternura. Admiro cada traço de teu rosto, os olhos mansos, o sorriso tímido e por vezes sacana, quando soltava uma de suas gargalhadas alta e estridente. Teu carisma ainda consegue me emocionar.
A emoção chega novamente, como a maré. Ondas que vêm e se vão. Aprendi a lidar com elas. A cada nova onda que me chega, apenas aceito e mergulho a cabeça. Faz parte.
Ás vezes me faço perguntas, perguntas demais que creio eu ninguém saberia responder. Talvez até por não haver respostas. Nem deus, nem cartas, nem Freud, nem eu mesma. Fatos são fatos e acontecimentos são acontecimentos, e o fato é que te amei e te tive em minha vida, como um presente. Um presentinho que me arrancava risadas e me protegia da solidão
Fecho os olhos novamente, volto no tempo. Tardes ensolaradas a dois, tempo que passava preguiçosa e arrastadamente. Beatles, biscoitos, amoras no quintal.
Que saudade. Saudade de tudo que vivemos, do nosso amor, das minhas neuroses nada fundamentadas, das suas enchecões de saco e pequenas implicâncias. A gente se gostava e até hoje venho por meio desta humilde carta, deste livro que tento escrever, falar de você. Não só agradecer o imensa honra e sabor de ter tido você em minha vida, mas também pra compatilhar com os outros a pessoa que voce foi. Por orgulho e vaidade. Também pra dizer que você foi meu e que você foi e é lindo e de como me sinto novamente uma adolescente ao reviver tempos que não voltam mais, mas que ainda se fazem presentes. O que realmente importa o que realmente significa, não se perde. Deixa marcas no universo, se torna clássico.
Eu era uma menina. Uma menina comum. Vivia quase que intensamente a adolescencia de uma menina dos anos setenta. Ia fazer 18 anos e estava no ultimo ano da escola, pensando em prestar vestibular pra Letras. Gostava de ler, de escrever, era uma boa aluna em redação. Era apenas mais uma beatlemaníaca. Ouvir beatles era mais do que terapia, era religião. Tive meus momentos de rebeldia, de impaciencia com o mundo, de contestação, loucura solitária.
De vez em quando gostava de me vestir de preto, acendia velas no meu quarto e gostava de imaginar como seria melhor minha vida se eu tivesse poderes mágicos. Lia livros e achava que entendia de magia ou qualquer outra besteira. Rascunhava algumas coisas, queria ser escritora e meus textos até recebiam alguns elogios.
E eu vivia uma vida normal, tinha sonhos. E um dia o amor bateu à minha porta.
Engraçado que até hoje há pessoas que acreditam em alma gemea. Eu não acredito e nem nunca acreditei. Vivi o maior amor de todos os tempos, desde Romeo e Julieta até John e Yoko, e continuo achando besteira. Eu e Theo não fomos almas gemeas, fomos almas companheiras, amigos acima de tudo. A idealização do amor romântico acaba por pôr tudo a perder. Perde-se tempo em devaneios, em sonhos altos e nada concretos, em crises que não levam a nada. Relações são construídas aos poucos. Não existem caminhos, nem receitas. Criação mental.Algo próximo disso. Amizade e também respeito e também afinidades. Afinidade, sim, eu concodo , não se encontra em qualquer lugar, nem qualquer esquina.
Enfim. O amor me bateu a porta quase que literalmente e eu o aceitei.
Talismã da sorte. Preciosidade maior.

Era uma tarde de sexta-feira. A aula acabara mais cedo e então voltara pra casa.
Alguma excitação me tomou, sem eu saber exatamente como nem porquê.
Estava animada, afinal de contas sexta-feira é dia de sair, de varar madrugadas, beber cerveja e rir ao luar. Falar besteiras , chegar em casa fedendo a álcool e cigarros.
A lua estava cheia e bonita. Sendo eu uma típica canceriana sonhadora, sentia com alguma frequência a influência dela, a lua, em mim. Vivia de ciclos emocionais. Quando ela se encontra cheia até hoje me sinto mais agitada, mais faminta, como uma pequena loba louca buscando divertimentos.

Agora me veio uma neurose, devo compartilhá-la. Não sendo eu a maior escritora do mundo. talvez seja útil e necessário abrir pequenas brechas no andar do texto para que eu possa respirar, e explicar e conversar com você leitor que tem curiosidade em saber um pouco da minha vida.. e do amor mais lindo que eu já vivi. Quero dar ênfase a toda aquela emoção vivida, pois ela ainda é presente, ela ainda é forte. Eu a sinto agora. O amor é meu companheiro e não cabe no bolso. Quero escrever, compartilhar, enfeitar, quem sabe até aumentar.

Não quero parecer uma adolescente boba. Não sou mais. Nem quero que o meu relato do meu grande amor soe piegas, nem que perca sua importância ou respeito por parecer adolescente demais. Não fui adolescente demais. Fui adulta demais, corajosa demais. E é sempre bom nos vangloriar dos nossos feitos. E pra mim hoje, reescrever meu grande amor é experiência doce e açucarada. Meus olhos retomam o brilho e me sinto prosa. Pra quem não acredita no amor, se quebrou em mil pedacinhos ou ainda não encontrou a pessoa certa só tenho algo a dizer: para cada corpo há uma sombra. O amor não nos deixa na mão. Continue acreditando.

E então voltando.. Eu era adolescente e conheci Theo na noite daquela sexta-feira. Encontrei meus amigos na rua, como era costume todo fim de semana. A lua estava especialmente bonita, a harmonia era notável.
Os anos eram 70 e vivíamos uma efervescência cultural, muita música, muito rock e experimentações, buscas sem fim.
Uma pequena banda de jazz da cidade tocava como pano de fundo. Entrei no bar para pegar um cigarro quando avistei Theo pela primeira vez. O rosto me pareceu familiar. Estava bastante entretido com um pequeno grupo, discutiam filosofia, falavam alto e ele gesticulava demais. Senti uma aura de rebeldia ao mesmo tempo que um toque artístico. Uma aura de luz que irradia carisma, charme e virilidade. Minha atenção foi tomada por alguns segundos e eu não sei bem porquê. Não sei se os cabelos claros que reluziam luz, se o tom de voz meio rouco ou sua capacidade de se tornar centro das atenções. Ah os olhos.. como não comentar? Olhos claros, pequenos e rasgados..
Peguei meu cigarro e fui em direção ao banheiro.
Enquanto esperava mnha vez na fila, notei alguns olhares dele em para mim. Senti seu olhar em minha direção como um raio de luz energetico tentando adentrar um terreno desconhecido. Mera curiosidade. Quando notou meu olhar retribuindo proporcionalmente a mesma curiosidade, voltou sua atenção ao pequeno grupo que discutia filosofia. Olhando com mais atenção notei que na rodinha estava nada mais nada menos que Davi, um colega de escola muito do chato. A conversa parecia interessante, no entanto achei tudo bobo demais.De repente de filosofia, pularam para movimento punk. Pura gastação verborrágica.
No jukebox ao lado tocava Love me Do e eu saí do bar. Fui encontrar Karla e Katarina do lado de fora.

Encontrar minhas amigas era sempre um momento de alegria, prazer e contentamento. Com algumas outras meninas da escola eu nao tinha muita simpatia. Não gostavam muito de mim e nem eu fazia questao de agrada-las. Ter fama de antipática com um certo grupo de pessoas tinha lá suas vantagens e eu gostava disso. Tinha meu mundo particular, muito bem inventado, muito bem decorado, com muito bom gosto e lirismo. Sabia escolher muito bem minhas amizades. Karla e Katarina eram as melhores. Nos divertiamos muito sempre e sair com elas às sextas feiras já era quase que obrigação. É claro que não eram minhas únicas amigas e é claro que sempre que saíamos acabavamos encontrando outras pessoas que se agregavam à nossa roda de meninas doidas e quando bêbadas, desbocadas... porém quanto àquelas meninas da escola, num geral, eu ainda mantinha um certo distancimanto e ar de antipatia e frieza, e quem sabe até de superioridade.

Esta foi apenas mais um sexta-feira, comum, cíclica. Porém foi o dia que avistei pela primeira vez o Theo. Viver em cidade pequenas tem seus prós. Creio já ter o visto outras vezes, porém está foi a primeira vez que reparei mesmo nele com atenção plena e interesse. Olhos de perspicácia.
Um sentimento estranho então começou a brotar em mim. Aquela imagem no bar não me saía da cabeça. Foi então que passei a dormir e acordar com Theo em meus pensamentos, com certa frequência. Um sentimento de ternura tomara conta de mim, preocupação, proteção e encantamento.
Desejo. Eu não sabia o que queria, nunca havia vivido uma relação verdadeira com outro , mas sabia o que desejava.  E continuava desejando aqueles olhos tão únicos, sem mesmo entender absolutamente a origem do desejo. Um pouco de filosofia nessas horas cai bem.
Cheguei a comentar por alto minha mais nova fixação com Karla. E foi então que ouvi alguns comentários de desaprovação:
A Maria conhece esse cara. Não me falou coisas lá muito legais. Rebeldia é seu nome. Estuda filosofia em outra cidade, mas sempre vem pra cá. Acho que a mãe mora aqui.

Um dia voltando sozinha da escola, quase chegando ao ponto de ônibus, me deparo com uma escrita em vermelho, uma pichação no muro. "Theo Peter Jones" e "Marginais extrapolam espaços e escrevem muito".

Começo de uma nova era

Para tantos acontecimentos nao há mais julgamentos
Apenas aprendizagem,
Observação quieta e gelada
Uma roda de eventos bons e maus,
positivos e cruéis.
Não brinco mais de boneca
Não dou mole por aí
Fechei meus círculos, fechei portas
Ninguém mais entrará
Se não está comigo, também não precisa mais
Se nunca esteve, adeus
Começo de uma nova era
Recrio minhas verdades, solto meus pássaros
e tranco minhas portas
Portas fechadas. Não mais entrarás.


terça-feira, 12 de julho de 2011

Virgindade

Sou ainda menina virgem
que brinca de ser mulher
Por entre frestas e buracos te examino
Percorro teu corpo maduro
Braços, pernas e pêlos
Quantos arrepios
Toques suaves
Líquidos e salivas e gostos bons
Desejo
O relógio marca meia-noite
Hora das bruxas
A bruxa sai à caça, gato preto dá cambalhotas
Volto a ti, te devoro com ar matriarcal
Mão na mão, pele na pele
Penetração e dor
Hímem, sangue, prazer
Um ensaio de um pequeno orgasmo
Movimentos rítmicos
Respiração contínua
Prazer.
Muito prazer.
Obrigada
Agora sou mais mulher


segunda-feira, 11 de julho de 2011

[...]

" Existe uma raça de homens que não se adapta, Uma raça incapaz de sossegar; Por isso partem os corações de amigos e parentes; E andam pelo mundo afora ao deus-dará. Atravessam os campos e as enchentes, e sobem a crista das montanhas; Neles atua a maldição do sangue cigano, e não sabem como descansar. Se andassem em linha reta podiam chegar longe; São fortes e destemidos e sinceros; Mas estão sempre cansados do que existe, e desejam o estranho e o novo"


(Truman Capote)

domingo, 10 de julho de 2011

Papo reto

De ti desejo apenas a verdade, o louvável, o etéreo
Conte-me tudo
Quantos caminhos já percorrestes sozinho, a pé.
Quantas porradas já levastes da vida
Quantos amores desperdiçados já vivestes
e quanto cacos já te cortaram a alma
Quanto de homem já foi, quanto de moleque já teimou em ser
O que me importa é você, sua alma e teus negócios
O que diz respeito apenas ao que te diz respeito
Conversa reta, diálogos em paralelos
Línguas que se entrelaçam
Tua força desejo conhecer
Quantos monstros te habitam
Quantos dragões em ti cospem fogos
Quantas azias te queimam o estômago
e quanto de verdade ainda tens
Força. Desejo força.
Gosto de homem. Braços que me entrelacem
Calor que me acalente
Amor que me sustente

♥ 
 

Visualização de um espaço

 Frases soltas, sentido e não-sentido, tinta preta, escuridão, frio, música, Nirvana... Corações partidos e ao chão.. Vermelho!
♥ 
 
 

O eu no todo

Que seremos nós senão algum tipo de acidente cósmico?
Experimentações alquímicas de uma inteligência suprema?
O caos parece desordenado, porém dentro de tanta desordem, há também alguma ordem que
a tudo ordena.
Dança magnética.
Somos diferentes, somos muitos, porém somos todos parte de um mesmo todo, um útero
universal e generoso. Que tudo dá e pouco espera.
Somos parecidos.
Navegar é preciso, estender as mãos também.
Uma mão lava a outra.
Que será de mim sem você e vice-versa?
Voltando à minha individualidade, ao meu eu apenas meu e de mais ninguém, me pergunto quem sou eu.
Quem sou eu? 
Na melhor das hipóteses, sou um pouco do todo, de tudo, uma alma que também sabe ser bonita,
que procura se enfeitar e distribuir flores aos navegantes.
Sou um gato curioso, que se enfia em becos sem saída, que busca brechas
pra espiar o alheio. Pequenas fechaduras, olhares e alguns tapas que recebo.
A curiosidade não matou o gato, mas deixou algumas marcas.
Volto a mim mesma.
Sou um prisma que recebe luz e a decompõe. Cores da magia.
Sou um jogo de espelhos. Reflito sempre a mim mesma.
Sou eco e escuro. Eterna solidão em busca de companhias e interações.
Sei dançar, sei apreciar o externo, sei sorrir e agradar, porém continuo sendo vazio
sendo apenas eu e eco, e infinito e solidão.
♥ 
 

Da arte da criação

Formas, matérias, palavras, tipos, cores...
Tenho à minha disposição uma gama de ferramentas
Não infinitas, nem talvez o suficiente, mas algumas.
Tenho também alguns amigos, auxiliares, cartas na manga e um pouco de inspiração
Preciso criar. Tenho ânsia louca descontrolada por criar, dar forma
a meus pensamentos e intuições ainda rudimentares, sem formas,
apenas essência , voz, vultos e desejo por existir. Nascimento.
Choro. Existência e vazio.
Poucas definições. Continuo querendo, dando murro em ponta
de faca. Quero criação, quero perfeição, sabedoria
e finalização.
Então eu crio. Escolho palavras minimamente acertadas,
minimamente bonitas. Sonoridade.
Ficou bom? Como saber se consegui meu melhor?
Alguém faria melhor?
Joguei no papel, botei cor. Cores são necessárias.
Brinquei de escrever.
E espero resultados.

♥ 
 
 

Os 12 signos celestiais

Arianos dão bons experimentadores (e sempre se dão mal)
Taurinos, bons escritores e analistas diversos
Geminianos, bons curiosos
Cancerianos, bons amigos e confidentes
Leoninos, bons comandantes
Virginianos, bons amantes
Librianos, bons hedonistas
Escorpianos, bons amantes. Muito bons.
Sagitarianos, bons loucos e desenfreados
Capricornianos, bons ranzinzas
Aquarianos, bons insatisfeitos
e por fim,
Piscianos bons em sonhos.


Uma declaração de amor para alguém

De dentro de meu próprio círculo e cataclismas individuais eu te observo
branco, claro, límpido como um feixe angelical.
Observo teus passos, teus erros e acertos, desejos, piscar de olhos..
Azuis. Olhos azuis...
Vejo teu andar desajeitado, cambaleios, desajeitos
Forte como um trovão,
fraco como um pecador.
Quero te tocar, beijar, abraçar, sentir gostos e salivas.
Doce e amargo, perfume e também fedor.
Harmonia e desarmonia.
Centelhas índigas, centelhas de amor.
Tua fraqueza em minha fraqueza
não é mais fraqueza
e sim força multiplicada
tentativas de soma eterna
Sonhar junto, beber do impossível,
tecer pequenos milagres cotidianos.
Vivendo do pouco, construindo o grande
indestrutível, imenso e eterno.
Força, mola mestra, impulso e desejo.
Brincando de ser poeta, falo de amor e também do
que não conheço e do que não sei e do que não quero
apenas do que desejo
conhecer.
Do ordinário desejo o âmago
a pureza, o tempo que não existe
congelado, petrificado
e o amor.
 

Desejos e expectativas

As coisas não são perfeitas simplesmente por assim serem, mas por terem a incapacidade de atender por inteiro nossos desejos e expectativas.


♥                 
 
                

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Asas da liberdade

Um frio quase alemão, coração na mão.
Acordo num sobressalto, um pulo, um susto, um apagão.
Levanto, acordo, não sei bem onde estou.
Acordada? Dormindo? Anestesiada?
Me sinto em transe. Volto a dormir.
Minha alma dança descompassadamente.
Vago por entre espaços vazios,
pequenos caminhos, túneis,celas, dimensões paralelas
Busco sentidos
Ouço ecos e mais ecos...
Nada.
Nada mais existe. Apenas eu mesma e algumas migalhas que não me servem mais.
Andar cansa.. Preciso de asas, asas de ouro, indestrutíveis
Asas da liberdade
Preciso de inspirações
Pessoas não me inspiram mais.
Quero deuses, semi-deuses, quero perfeição, quero cor, luz,dourado, movimentos harmônicos.
Viver do erro é o caminho mais fácil. Viver da escuridão é o normal.
Mas preciso e mereço mais.
Criar corpo, alma, casca e coração.
Então eu me crio e me recrio. Eu sou o deus em mim mesma.
Posso ser boa, posso ser má. Posso ser amiga e posso ser inimiga.
Posso escolher o bom e posso escolher a ilusão.

Então eu desço. E me recrio.
E subo, busco inspirações.
E continuo neste eterno ciclo labiríntico sem fim
que se chama matéria.
Quero asas, liberdade, compaixão.
Asas eu tenho.
E vôo...