quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sons e palavras

Descobri que as palavras em mim pesam, em mim fazem eco.
Palavras são feitas de algum material que eu ainda desconheço.
Um dia quem sabe eu mapearei sua organização química e estrutural.
Palavras jogadas aos quatro ventos, jorradas como tintas em paredes
cruas em mim deixam marcas e simplesmente ecoam.
Palavras não passam, palavas permanecem.
Algumas são bonitas, sonoras e macias.
Métrica dos deuses.
Outras sao desconfortáveis,
cruéis e insanas.
Algumas acariciam, outras ferem.
Algumas trazem cor, outras trazem dor.
Algumas formam rimas, poemas,
outras apenas disritmia.
Viver mais do que dar a cara a tapa é também
ser expor a uma ventania de sons e palavras,
é funcionar como espelho para a vaidade de terceiros.
Mais do que isso é ser por um instante aquilo que não somos.
Eu sou justamente aquilo que ninguem vê,
sou o que as palavras esquecem de traduzir
e sou o que o tempo teima em destruir.

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