sexta-feira, 15 de julho de 2011

De Marianne para Theo ou Ensaio de um verdadeiro amor. parte 2

Então esse Theo é mesmo um rebelde, penso eu mesma com meus botões.
Uma rebeldia terna, doce, que não agride, apenas encanta. A mim me encanta.
Sempre gostei do tipo rebelde, que foge à linha. Desde a época de minha primeira paixonitezinha platônica aos 13 anos quando me tornei quase completamente que obcecada por Michael, um tipinho praticamente vindo das trevas.
Sempre gostei do diferente. Até hoje o que foge minimamente do convencional me atrai. Não sei por quê, creio que talvez por inspirar autenticidade, coragem, um pouquinho de loucura, rebeldia mesmo.
Pego novamente meu ônibus de volta a minha casa. Vou observando a bela paisagem verde que se desenha a minha frente. Bela paisagem. Sol a pino, pássaros no céu, flores alaranjadas, fios de desejo. No caminho
 vou lendo um livro de crônicas emprestado da biblioteca da escola e ao mesmo tempo
 pensando em idéias para minha mais nova redação. Chego em casa, jogo todo o peso
de minha mochila na cama, pego uma xícara de suco de pêssego e então começo a matutar, rascunhar idéias
 para a redação. Amor, paixão, amor à primeira vista? Sobre o que escrever?
Theo? Ah, Marianne, você está ficando louca, penso eu comigo mesma. Mal conheceu o cara e já está com ele na cabeça até na hora de escrever uma porra simples de uma redação. Mas que coisa.
Vou na minha estante de livros, seção esotérica, livros de magia, o poder da visualização mental.
Este é o ponto.Visualização mental ou como treinar sua mente para obter o que deseja. Acendo um incenso de baunilha e me concentro no assunto.
Sendo a mente algo não paupável, elastica, criação nossa e sendo a realidade um campo de possibilidades diversas, por quê não treinar nossos pensamentos a nosso favor? Cada pensamento possui uma vibração que irá atrair outras vibrações semelhantes. Aliás, isso me lembra coisas muito legais de um passado ainda mais remoto, quando eu tinha lá pra uns 8 anos e já me interessava por assuntos de ocultismo. Logico que eu nao possuía tanto conhecimento assim, mas gostava de brincar de conversar com o nada, de pedir, imaginar. Acreditava que tinha um amigo invisível chamado James. Conversavamos sobre tudo, eu o perguntava sobre coisas do meu futuro, conversavamos sobre o tempo e outras coisas que eu não consigo mais me lembrar. Até o dia em que minha mãe me pegou conversando sozinha e seriamente preocupada resolveu procurar um psicologo. E lembro até hoje, no alto dos meus quase 50 anos, do dia em que eu encontrei um album de figurinhas que estava simplesmente desejando muito. Pensei com tanta força naquele maldito album que na mesma semana encontrei um jogado na rua, cheio de pacotinhos fechados de figurinhas. Coincidência ou não, aquilo me fez pensar sobre o poder de meus pensamentos. Creio que quando queremos muito alguma coisa, nosso inconsciente nos leva a caminhos que facilitem a realização do desejo, talvez como pequenas pistas, atalhos, Enfim. Temos todas as respostas que precisamos, basta ter um pouco de ousadia e espirito de aventura pra descobri-las. Somos possibilidades muitas, desdobramentos múltiplos, pulinhos no infinito. Eis a melhor definição que eu encontrei sobre a alma humana.
O fato é que eu passei aquela tarde inteira lendo sobre poder da visualização, sobre saber desejar, com alma, corpo e coração. E aquela aura de luz que tanto me chamara atenção no bar, ainda me acompanhava em pensamentos. Adormeci e não fiz a minha redação da escola. Acordei com minha mãe me chamando para o jantar. Preparara mais uma de suas sopas de legumes sem graça e sem sal. Da educação natureba, herdei alguns costumes.
A semana passou num piscar de olhos. .
Alguma coisa começava a mudar em mim e eu sequer tinha desconfianças. Começava a mudar gradativamente meus interesses, minhas leituras. Me sentia mais mulher. De fruto verde a fruto maduro.
2 semanas se passaram. Novamente sexta-feira. Lua nova. Novo corte de cabelo. Novamente rua, música, amigos, cervejas.
Qual não foi minha surpresa ao avistar distraidamente Theo e o grupinho da filosofia se aproximando? Faltaram palavras, um frio na barriga, adrenalina, pernas bambas e um sorrisinho amarelo.
Theo vestia um jeans claro com uma aparência de velho e rasgado, uma camiseta branca, uma bota e cabelo bagunçado.

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