quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O céu é o mar

Os tempos eram tão difíceis e rasgantes que tudo
o que me restava era sucumbir às forças naturais
que me acordavam todos os dias com chiados estranhos.
Chamaram-me na chincha, meu nome
fora convocado para o lado de dentro da espiral.
Não havendo saídas eu sucumbi ao desconhecido,
atirando me de peito a um mundo de novos signos,
de gritos e suspiros,
de danças e cirandas.
Para minha surpresa e eterna gratidão fui
recebida de braços abertos, como bebê
que necessita de braços outros para se
aconchegar.
Tiro certeiro.
Caí certamente no olho do mundo,
onde tudo acontece. Entrei em contato
com todas as forças ancestrais que
originam as mais banais manifestações
do óbvio.
Entrei em contato com a grande mãe
que cansada de aconselhar seu filhos,
recolhe-se a seu prometido desamor.
Mas nem tudo são espinhos.
Mergulhei de cabeça no mar
da verdade suprema, Iemanjá
me acariciou a testa, me recebeu
com festa. Meus ouvidos
tornaram-se surdos a barulhos corriqueiros.
Adquiri novos sentidos,
adentrei um mundo para poucos,
um mundo para espíritos corajosos.
Aprendi o manejo das ondas,
entendi a ordem do mar e
seu cosmos ao contrário.
Conheci os segredos das dimensões
pra dentro, onde nenhum capitão ousa
se aventurar.
Entendi, enfim, que o céu
na verdade é o mar.

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