Não, não tenho medo da morte. De vez em quando ela me parece mais digna e confortavel que esse cansaço quase que latente, esse sol de copacabana. Repouso meus pés pequenos e cansados sob o antigo sofá de meu avô. Bonito tecido. Vermelho floral. Pés bonitos, delicadamente desenhados, os tenho. Cansaço. A alma cansa. E também pesa. Viver não foi feito pros fracos. O que é ser fraco? E forte? Forças que brincam em uma gangorra?
Lembranças, quadros e imagens. Imaginação fluídica. Fecho os olhos e vejo apenas o que não existe. A realidade não é confortável. É cansativa, monótona. É irritante.
Todos os dias o sol nasce. E eu me pergunto: pra quem? Flores devem ser mais felizes. Quantas cores bonitas, sendo fake ou não, são cores belíssimas. Nós humanos apenas observamos, não somos. Não somos nada, nem nunca seremos. Fecho os olhos. Meus olhos pequeninos que brincam de ser grandes e só enxergo o invisível, aquilo que ninguém mais vê. Visualizo paz. Apenas paz, e não pais. Vejo pássaros que ensaiam vôos. Theodoro ensaiando seu primeiro vôo sob o olhar atento dos pais gaivotos. Mirando a imensidão do mar e do céu, Theodoro dá verdadeiro show da cambalhotas no espaço. Que beleza. Que falta de compromisso com a vida. Voar e ser feliz. Ele não está preso a gravidade alguma. não existem leis. A lei é ser feliz. Ele é dono de si, de seu destino. Passado, presente e futuro. Theodoro ultrapassa a linha de chegada. Theodoro é mais. Theodoro é quase deus. Eu continuo aqui no sofá floral de meu avô. Não tenho amigos, não tenho amores. Brinco de amar, brinco de ser e brinco de existir. Existir é em vão. Nao gosto de ninguém. Me sinto cansada, arrasada, alma entorpecida. Todos os amigos que eu tinha me traíram, não reconheceram meu valor, me reduziram quase a pó. Barulhos demais pra nada. Palavras que não têm compromisso, xingamentos contra a parede? Facebook.
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Minha alma ainda é grande. Vou à minha estante e pego meu livro bíblia: Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Clarice Lispector é minha sacerdotisa pessoal. Não uma deusa, mas uma espécie de sacerdote-mãe. Ela teve coragem. Coragem pra pensar a vida e ser feliz até na infelicidade. Pequenos prazeres. Atingiu a imensidão e voltou. E voltou várias vezes e retornou.
A tenho no meu bolso.
Não gosto de punks, não gosto de álcool. Não gosto de niilismo gratuitos. Gosto de buscar sentidos até no que é indigno de compreensão. Sou pra poucos. Niilismo meu , de mim e para mim.
Os inimgos, podem se enfileirar e esperar a vez. Minha vida não foi feita para o ódio, nem para o amor. Foi feita para o prazer. Amor é para os fracos, ódio pior ainda.
E no fim eu ainda sou... amor.
Fim.
20/09/2011
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